Caso Ítalo
Ítalo é um garoto de 11 anos de idade matriculado no Ensino
Fundamental II de uma escola pública municipal próxima à sua residência e
enturmado com seus pares por faixa etária, no 6º ano matutino. Sua
turma é composta por alunos, muitos são colegas de classe desde o
maternal, demonstra sempre sentimentos de satisfação através da
expressão facial. Convive com seus pais e seu irmão caçula, como “toda”
pessoa de sua idade, Ítalo gosta de vídeo game, assistir filmes e jogos
diversos no computador com sua família, especialmente com seu
irmãozinho. Na escola gosta de todas as disciplinas, exceto de história.
No recreio, intervalo de aula ou aulas vagas fica sozinho ou com uma
colega que mais gosta a R., observando os colegas brincarem.
Aos dois meses de idade seus pais observaram que Itamar não segurava
o pescoço e mantinha as mãos sempre fechadas. Percebendo estes
aspectos, comparando-o com outros bebês de sua idade, os pais decidiram
buscar subsídios c para que o fato fosse esclarecido. Assim, com 03
meses de vida, ele foi atendido na Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais - APAE e foram orientados a procurarem um fisioterapeuta,
pois a criança teria dificuldades motoras. Por indicação, procuraram o
hospital Sarah Kubitschek, há 390 hm a cidade onde reside. Confirmou-se
Paralisia Cerebral - PC devido complicações ao nascer – parto prolongado
– provocando assim, um impacto no fluxo sanguíneo ao cérebro do bebe,
provocando então a lesão cerebral específico à PC, - CID.: F83.XX.00.
Até os 04 anos era constante a sua internação por aproximadamente 30
dias neste mesmo hospital para acompanhamento e intervenções precoce.
Agora ele freqüenta o hospital anualmente, para avaliação com a equipe
multiprofissional com o objetivo de investigar e acompanhar o seu
desenvolvimento físico, motor, psicológico e cognitivo. No primeiro
semestre de 2011, Ítalo recebeu deste instituição o Programa de
Comunicação Alternativa para ser instalado no computador para que o
mesmo escreva com a cabeça, visto que seus movimentos involuntários o
impedem de usar as mãos com autonomia, e há um controle de cabeça do
lado direito. A sua comunicação se dá por expressão facial, e esta não é
precisa para todos, é somente para seus pais e familiares que convivem
no dia-a-dia, no entanto, para os demais é complexa entendê-lo e
atendê-lo com precisão as
suas necessidades pessoais e escolares. Em alguns momentos demonstra
irritabilidade e tristeza por não ser compreendido de imediato e com
precisão.
Este é um grande desafio no seu cotidiano, considerando a
diversidade e complexidade que se depara no contexto da comunicação.
Como sua audição é perfeita, compreende tudo que é falado, o seu retorno
é dado através de fichas, gestos de cabeça, expressão facial,
sinalizando sim/não, o que não é suficiente, e em muitos momentos esta
comunicação torna-se confusa.
Em 2003, fora matriculado em uma Escola de Educação Infantil
particular, iniciando assim o seu primeiro contato com o mundo externo,
com o intuito de introduzi-lo com outras crianças para socializá-lo,
nesta escola sempre permanecia uma cuidadora também particular
auxiliando-o.
Aos 07 anos continuou sua caminhada da escola, ingressando agora na
escola pública municipal, onde os entraves começaram a surgir. Ítalo já
não tinha mais cuidadora permanente, na hora do lanche sua mãe ia
alimentá-lo, onde pôde perceber que no momento do recreio a professora
se retirava com os alunos para lanchar e brincar no pátio, enquanto que
ele era esquecido na sala de aula sozinho. Após este episódio seus pais
solicitaram da direção sua transferência para uma outra classe, onde a
professora seria sua mãe, (que também faz parte do quadro de professores
deste município), o mesmo permaneceu no último semestre sem maiores
problemas, mesmo não tendo apoio da escola e não estando segura quanto
aos estilos de aprendizagem que a rede propõe, como subsídio pedagógico
numa classe onde há alunos com Necessidade Educacional Especial – N.E.E
(e seus conhecimentos não era suficientes para superar este desafio
“velho” como mãe e novo como docente de seu próprio filho).
No ano seguinte a nova professora recusou tê-lo como aluno,
inconformada com a situação de ter que lidar com uma criança com NEE em
sala de aula. Continuou a batalha/desafio dos pais em buscar meios de
esclarecer para a escola os direitos adquiridos pelos cidadãos em
estarem na escola, no momento Ítalo precisaria ser aceito, tratado com
respeito, carinho e atenção como os demais alunos da classe.
Compreendia-se por este episódio que a preocupação da educadora era de
não corresponder com as expectativas dos pais e N.E.E do aluno por não
estar capacitada para atuar com essa realidade, pois desconhecia as
possibilidades de se trabalhar respeitando-se as diferenças no contexto
escolar. Após este impacto a professora citada se retratou e o acolheu
na classe, como ele
sempre foi receptivo na escola no decorrer do que ela propunha para a
classe toda percebeu que era possível também com ele, tendo como
barreira a comunicação e a coordenação motora involuntária, por sua
lesão está localizada nas áreas que modificam ou regulam o movimento,
trato extrapiramidal, estes movimentos estando fora do controle os
movimentos voluntários estão prejudicados. Esta condição é definida como
PC com movimentos involuntários forma coreoatetósica ou distônica.
Ainda tendo a sala de aula superlotada, falta de uma cuidadora
educacional, falta de formação continuada e apoio pedagógico e ausência
de respaldo oferecido por pessoas e órgãos competentes. No entanto, os
professores apesar dessas dificuldades, perceberam que é possível
atender as suas NEE, principalmente seus colegas, que estão sempre
prontos a ajudá-lo. Sua mãe sempre foi solicita com a escola mantendo-a
informada sobre a forma de comunicação que utiliza com ele em casa, e,
como poderia ser o trabalho escolar mediante orientação da equipe
multifuncional do hospital Sarah Kubitschak.
Em 2010, o aluno foi matriculado no Atendimento Educacional
Especializado - AEE, sendo atendido uma vez por semana, tendo como foco
principal a aprendizagem da C.A, através de tecnologia assistiva de
baixa e alta tecnologia. O maior desafio hoje é garantir a ampliação da
comunicação, uma participação mais ativa em todas as atividades
desenvolvidas na escola e desenvolvimento de sua aprendizagem nas nove
disciplinas curriculares, conseguindo identificar, estabelecer e
utilizar uma comunicação funcional com estes nove professores e colegas
de classe, bem como uma participação mais ativa em todas as atividades
desenvolvidas na escola.
A professora do AEE já identificou por meio de algumas atividades e
estratégias que o mesmo possui saberes acadêmicos através da Comunicação
Alternativa - CA. A mesma conclui que Ítalo está no nível de
aprendizagem adequado para sua série, apresentando aprendizagem
significativa, demonstrando motivação e gosto pela escola. Entretanto,
faz-se necessário garantir uma escola/ensino que favoreça a ampliação de
sua aprendizagem, sendo estimulado a participar ativamente das
atividades, respeitando suas limitações, aproveitando e valorizando as
suas potencialidades. Assim, o AEE deve complementar suas NEE,
possibilitando sua permanência na sala de aula comum, buscando sua
autonomia em todas as aprendizagens através dos recursos da Tecnologia
Assistida - T.A de acessibilidade como a informática acessível, e a
comunicação alternativa, que neste
caso será um suporte que complementará o processo de comunicação de
Ítaloque possui incapacidade de utilizar a fala e locomoção é
prejudicada. Visto que a C.A é uma ciência que vêm vindo a
desenvolver-se desde o princípio dos anos 80, através destes meios será
possível a pessoa que não fala expressar os seus desejos e os seus
sentimentos e tomar decisões sobre a sua própria vida. Desta forma
podendo fazer amigos, freqüentar e permanecer na escola ou trabalhar e
colaborar na sua comunidade.
Este foi revisado em 18/08/2011.
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